Aqui iremos publicar autores que influenciaram o trabalho de Maslow: Alfred Adler, Walter B. Cannon, Anna Freud, Sigmund Freud, Erich Fromm, Kurt Goldstein e Karen Horney.
Alfred Adler
Curta Biografia:
Alfred Adler nasceu a 7 de Fevereiro de 1870, Em Vienna. Tendo sofrido de uma pneumonia quase mortal aos cinco anos, e raquitismo que o impediu de começar a andar antes dos quatro anos, Adler foi motivado por estes eventos, e quis se tornar num médico. Era conhecido como uma pessoa popular e escolar aplicado.
Estudou na Universidade de Vienna, onde conheceu a sua futura esposa, Raissa Timofeyewna Epstein, intelectual e activista social da Rússia. Casaram-se em 1897, e tiveram quatro filhos, dois deles se tornaram psiquiatras.
Começou a sua carreira como oftalmologista, mais tarde mudou para a medicina geral. O escritório situava-se perto de um parque de diversões e um circo, na zona de classe inferior de Vienna, e a maior parte dos seus clientes eram performers de circo. Ele estudou as suas forças e fraquezas incomuns, o que contribuiu para a sua teoria de inferioridade de órgãos.
Juntou-se ao grupo de discussões de Freud em 1907, onde desenvolveu várias teorias, como um artigo sobre os sentimentos de inferioridade de uma criança. Em 1912, Adler e outros nove membros formaram a Sociedade para a Psicologia Individual.
Durante a segunda Guerra Mundial, Adler trabalhou como medico para a armada austríaca, e mais tarde passou para um hospital de crianças. Durante este tempo, presenciou em primeira mão os danos que a guerra podem trazer, e após esta ter terminado, dirigiu vários projectos de clínicas e treino de professores em escolas do estado.
Em 1926, veio para os EUA como convidado do Long Island College, e mudou-se com a sua família para viver em terra americanas. Morreu de um ataque cardíaco enquanto dava uma leitura na Aberdeen University da Escócia. (Fisher, 2001)
Sobre a origem da referência:
Na sua obra “Social Interest: A Challenge to Mankind”, de 1928, Adler dedicou-se à metafísica, onde integrou o holismo evolucionário de Jan Smuts com a ideia de teleologia e comunidade: “sub specie aeternitatus”.
"Social feeling means above all a struggle for a communal form that must be thought of as eternally applicable... when humanity has attained its goal of perfection... an ideal society amongst all mankind, the ultimate fulfillment of evolution." (p. 275)
"I see no reason to be afraid of metaphysics; it has had a great influence on human life and development. We are not blessed with the possession of absolute truth; on that account we are compelled to form theories for ourselves about our future, about the results of our actions, etc. Our idea of social feeling as the final form of humanity - of an imagined state in which all the problems of life are solved and all our relations to the external world rightly adjusted - is a regulative ideal, a goal that gives our direction. This goal of perfection must bear within it the goal of an ideal community, because all that we value in life, all that endures and continues to endure, is eternally the product of this social feeling." (Adler, 1938, pp. 275-276).
Walter B. Cannon
Curta Biografia:
Walter Bradford Cannon nasceu em Prairie du Chien, Wisconsin, a 19 de Outubro de 1871, e desde cedo expressou interesse pelas ciências biológicas, e leu sobre os debates entre tradicionalistas e Darwisnistas. Durante os seus tempos na escola secundária, foi tal afectados pelo conflito entre religião e ciência, que eventualmente anunciou que tinha deixado de acreditar nos ideais da Igreja Calvinista, a fé da sua família. Mais tarde, foi aderindo à fé Unitária, e o seu interesse pelas ciências e religião liberal foi aumentando à medida que lia mais sobre Darwin, James Martineau, e James Freeman Clarke.
Em 1896, Cannon foi aceite na Escola de Medicina de Harvard, e começou a trabalhar nos laboratórios de Henry Pickering Bowditch durante o seu primeiro ano, onde investigou a mobilidade do estômago e a digestão através de técnicas de raio-X, tendo sido os seus resultados publicados no primeiro American Journal of Physiology, em 1898. Em 1900, Cannon formou-se, e juntou-se à sociedade Americana de Fisiologia, e tornou-se num instrutor do departamento de fisiologia da Escola de medicina de Havard.
A pesquisa de Cannon tornou-se mais envolvente no inicio do século XX, com o inicio da primeira Guerra Mundial. Escreveu em 1915 “Bodily Changes in Pain, Hunger, Gear and Rage”, com base em estudos no choque traumático, um problema existente entre soldados; e em 1923, escreveu “Traumatic Shock”, onde explica que o choque traumático é causado pelo sangue a ser sugado dentro da região capilar dilatada, um fenómeno ao qual chamou “exemia”.
Faleceu a 19 de Outubro de 1945. ( Lescouflair; 2003)
Sobre a origem da referência:
Foi no seu livro “The Wisdom of the Body” que Cannon desenvolveu a seu conceito de homeostase, as condições e processos de um sistema aberto de um organismo vivo, com todos os órgãos (Cérbero, nervos, coração, pulmões, etc.) a trabalhar cooperativamente e preservar o equilíbrio. (Cannon; 1932)
Anna Freud
Curta Biografia:
Anna Freud, nascida a 3 de Dezembro de 1895, era a filha mais nova de Sigmund Freud e a sua esposa Martha, já com seis filhos.
Terminou a sua educação em 1912, no Cottage Lyceum de Vienna, mas sem se ter decidido sobre uma carreira a seguir. Viajou sozinha para Inglaterra, em 1914, para melhorar o seu inglês, mas teve que regressar a Vienna quando a guerra começou. Começou a dar aulas na sua antiga escola após o seu regresso.
Já em 1910 que tinha começado a seguir o trabalho do seu pai, mas só começou a envolver-se a serio na psicanálise em 1918. Em 1920, pai e filha participaram no International Psychoanalytical Congress em The Hague, e tinham trabalhos e amigos em comum. Em 1922, tornou-se membro da Sociedade de Psicanálise de Vienna. (Peters; 1985)
Sobre a obra de referência:
“The Ego and the Mechanism of Defense”, publicado pela primeira vez na Alemanha, em 1936, é considerado como um dos maiores contributos feitos à psicologia psicanalítica, em que os argumentos de Anna Freud possuem uma claridade e contingência semelhantes aos trabalhos do seu pai.
Neste livro, Anna Freud, fiel às ideias básicas do pai, ao contrario de Adler, e focando-se nos estudos do ego, descreve como as defesas funcionam, dando especial atenção aos casos dos adolescentes. (Freud; 1936)
Sigmund Freud
Curta Biografia:
Sigmund Freud nasceu a 6 de Maio de 1856, em Frieberg, Morávia (agora Republica Checa). Aos quatro anos, a família mudou-se para Vienna, capital da medicina, onde passaria o resto da sua vida até um ano antes de morrer.
Entrou na escola de Medicina em 1873, inicialmente atraído aos laboratórios e o lado científico da medicina em vez da prática clínica. Recebeu o seu doutoramento aos 24 anos. Casou-se em 1887 com Martha Bernays, de dos seus seis filhos, só a mais nova, Anna, é que seguiria os passos do pai.
Na sua carreira inicial, tratava os seus pacientes com hipnose, uma técnica que estudou sob a atenção de Charcot, e seguiu as experiencias de Joseph Breuer, testando-as com sucesso em alguns pacientes. Aos 39 anos, usou pela primeira vez o termo “psicoanalise” (uma maneira de tratar certas doenças mentais ao expor pensamentos e sentimentos do subconsciente de uma pessoa), e começou um projecto único de análise a si mesmo, sobretudo aos seus sonhos, de onde resultou a obra “Interpretation of Dream”, em 1901.
Escreveu vários artigos onde explora a influência do processo de pensamento do subconsciente, e os vários aspectos do comportamento humano. Reconheceu que as forças mais predominantes dentro de um subconsciente, causadores de neuroses, são os desejos sexuais de uma infância breve que foram isolados do consciente, mas que preservaram a sua força dentro da personalidade. Devido às suas teorias, vários dos seus artigos foram temas de protesto até serem aceites pela comunidade medicinal.
Em 1902, Freud reuniu-se com os seus colegas de área interessados, para discussão de artigos de psicanálise, dando início ao movimento de interessados no tema.
Morreu em 23 de Setembro de 1939, vítima de cancro. (Peter; 1988)
Sobre a obra de referência:
“New Introductory Lectures on Psychoanalysis” foi o sucessor da obra mais popular de Freud, “Introductory Lectures on Psycho-Analysis”.
Neste trabalho, Freud elabora sobre a teoria da psicanálise, e discute sobre vários temas centrais e controversos, incluindo ansiedade, ocultismo, sexualidade feminina, e a questão de “Weltanschauung” (compreensão ou apreensão do mundo de um ponto especifico em especial)
Erich Fromm
Curta Biografia:
Nasceu em 1900, em Frankfurt, na Alemanha. Devido à sua infância, e a forte presença religiosa do lado da família, Fromm, mais tarde considerou-se como um “ateísta mítico”.
Vários acontecimentos na sua vida, desde o suicídio de uma amiga conhecida, até o seu testemunho dos horrores da Primeira Guerra Mundial, influenciaram profundamente o jovem Fromm, que procurou respostas sobre a “irracionalidade de massas”, a histeria da guerra e o porque do suicídio, tendo estudados os trabalhos de Freud e de Karl Marx.
Recebeu o seu doutoramento em Heidelberg, 1922, e começou a sua carreira como psicoterapeuta. Mudou-se para os EUA em 1934, onde conheceu outros refugiados intelectuais, e manteve um caso com Karen Horney.
Mais tarde, foi dar aulas para a cidade do México, tendo desenvolvido uma quantidade considerável de pesquisa sobre a classe económica e os diferentes tipos de personalidade. Faleceu em 1980 na Suíça. (Boeree; 1997)
Sobre a obra de referência:
Na sua obra “Escape from Freedom”, publicada pela primeira vez em 1941, Fromm desenvolve uma analise ao conceito de liberdade de um ponto de vista psicanalítico, em que os seres humanos possuem um desejo de liberdade, e do outro lado, temem nada mais do que “liberdade a mais” (Amhem; 2003)
"..freedom has a twofold meaning for modern man: that he has been freed from traditional authorities and has become an 'individual,' but that at the same time he has become isolated, powerless and an instrument of purposes outside of himself, alienated from himself and others; furthermore, that this state undermines his self, weakens and frightens him, and makes him ready for submission to new kinds of bondage. Positive freedom on the other hand is identical with the full realization of the individual's potentialities, together with his ability to live actively and spontaneously."
Kurt Goldstein
Curta Biografia
Kurt Goldstein nasceu a 6 de Novembro de 1878, numa família de judeus, o sétimo de nove filhos. Viviam em Upper Silesia, actual Polónia. Calmo e tímido, tinha a alcunha de “professor” devido ao seu gosto pelos livros, e seguiu o estudo da Filosofia quando entrou na Universidade, mas mais tarde, mudou para Medicina, recebendo o seu doutoramento em 1903.
Desapontado com a maneira como os pacientes eram tratados, na clínica psiquiátrica onde trabalho desde 1906 até 1914, Goldstein dedicou-se à observação e tratamento cuidados de indivíduos com anomalias psíquicas e neurológicas. Foi durante a primeira Guerra Mundial que construiu uma clínica para soldados com ferimentos cerebrais, operacional até 1930, sendo reconhecido como uma figura respeitável, com várias publicações na comunidade neurológica internacional, e entre os estudiosos de Gestalt.
Em 1933, foi preso durante a ascensão de Hitler ao poder, e mais tarde, forçado a deixar o país. No mesmo ano, e com o apoio da Rockefeller Foundation, Goldstein escreveu “Der Aufbau dês Organismus”, que foi publicado um ano mais tarde na Alemanha, e na América, em 1939, sob o nome “The Organism”, o resultado de várias décadas de trabalho e dedicação por parte do autor, de 55 anos.
Imigrou para os USA em 1935. Apesar de nunca se sentir “em casa”, Goldstein adquiriu a cidadania americana em 1940,e continuou com as suas actividades, trabalhando para várias universidade e clínicas (Columbia, Harvard, Tufts, Brandeis…). Faleceu em 19 de Setembro de 1965. (Goldstein; 1999)
Sobre a obra de referência:
No website da Nature Institute, de Nova York, encontram-se vários excertos da obra de Kurt Goldstein, “The Organism”, onde se destaca a sua proximidade à biologia. As teses de Goldstein tiveram um impacto importante no modo de pensar filosoficamente e psicologicamente. Ele preocupava-se com o colapso da organização do nosso “organismo”, em resposta a situações como doenças mentais, e como este se reajustava, através da redistribuição de energias após uma situação catastrófica. (Oliver; 2008)
"We have said that life confronts us in living organisms. But as soon as we attempt to grasp them scientifically, we must take them apart, and this taking apart nets us a multitude of isolated facts which offer no direct clue to that which we experience directly in the living organism. Yet we have no way of making the nature and behavior of an organism scientifically intelligible other than by its construction out of facts obtained in this way. We thus face the basic problem of all biology, possibly of all knowledge. The question can be formulated quite simply: What do the phenomena, arising from the isolating procedure, teach us about the "essence" (the intrinsic nature) of an organism? How, from such phenomena, do we come to an understanding of the behavior of the individual organism?"
Kurt Goldstein, The Organism, p. 7 (1963 edition)
"If the organism is a whole and each section of it functions normally within that whole, then in the analytic experiment, which isolates the sections as it studies them, the properties and functions of any part must be modified by their isolation from the whole of the organism. Thus they cannot reveal the function of these parts in normal life. There are innumerable facts which demonstrate how the functioning of a field is changed by its isolation. If we want to use the results of such experiments for understanding the activity of the organism in normal life (that is, as a whole), we must know in what way the condition of isolation modifies the functioning, and we must take these modifications into account. We have every reason to occupy ourselves very carefully with this condition of isolation."
Kurt Goldstein, Human Nature, p. 10
"By virtue of this isolating, dismembering procedure one can readily abstract and single out from living phenomena those phenomena on the physico-chemical "plane." But the attempt to reintegrate the elements thus abstracted, to reorganize these split-off segments into the reality of living nature, is doomed to fail. This vain attempt, however, is made again and again, overlooking the fact that it is quite possible to understand the part on the basis of the whole, but that it is not possible to comprehend the whole on the basis of the parts."
Kurt Goldstein, The Organism, p. 498 (1963 edition)
"True, we can dismember [the organism], so that we construe "parts"; but this is only the case when we actually take it apart, i.e. split it up into its physico-chemical elements. In every physiological dissection we create a mixture of "part elements" and real "whole members." It is our task to discriminate, in this mass of phenomena, the true 'members' from the artificial 'parts'.... One overlooks that the organism is, of course, articulated (differentiated into members) but does not consist of members."
Kurt Goldstein, The Organism, pp. 422-423 (1963 edition; emphasis in original)
Karen Horney
Curta Biografia
Karen Horney nasceu em Setembro de 1885. O pai, Berndt Wackels Danielson, era o capitão de um navio, e as suas crianças chamavam-lhe “o atirador de Biblias”, porque… era verdade.
A infância de Karen parece ter sido uma cheia de más interpretações, uma vez que ela aclamava o pai como sendo uma figura rude e autoritária, que preferia o irmão a ela, quando o pai trazia-lhe presentes das suas viagens, e levava-a em viagens, um acto raro por parte de um capitão.
Aos nove anos, tornou-se mais rebelde e ambiciosa, dizendo que “se não podia ser bonita, podia ser esperta”. Mas segundo os críticos, ela era de facto, bastante bonita, e chegou a enamorar-se pelo próprio irmão, Berndt, resultando num afastamento entre irmãos, e na sua primeira depressão, um problema que a iria perseguir para o resto da vida.
Durante os seus primeiros anos como adulta, teve que lidar com o divórcio dos seus pais, e entrou numa escola de medicina, contra a opinião dos pais e da sociedade da altura. Casou-se em 1909 com Óscar Horney, em 1910 teve uma filha, e em 1911 perdeu a mãe, Clotilde “Sonni” Danielson. Anos de stress fizeram com que Karen entrasse no campo da psicanálise.
Admite-se que o marido de Karen não era muito diferente do seu pai, um autoritário rude com as suas crianças. Ela não interferia, e chegava a considerar a atmosfera como a ideal para encorajar a independência das suas crianças, mas anos mais tarde, ela mudou a sua perspectiva.
No mesmo ano, 1932, o negócio de Oskar faliu, e o mesmo contraiu meningitis, e o irmão de Karen faleceu com uma infecção pulmonaria. Todos estes eventos afectaram Karen de tal modo que ela chegou a considerar o suicídio. Em 1926, ela migrou para os USA com as filhas, estabelecendo-se em Brooklyn, que se estava a tornar numa capital intelectual a nível mundial, com a onde de refugiados judeus vinda da Alemanha. Para além de conhecer intelectuais como Erich Fromm e Harry Stack Sullivan, ela desenvolveu as suas teorias sobre a neurose, com base nas suas próprias experiencias como psicoterapeuta. Manteve-se activa, tanto nas teorias como no ensino e na escrita, até à altura da sua morte, em 1952. (Boeree, Homey; 1997)
Sobre a obra de referência:
“The neurotic personality of our time” é considerado como uma obra de leitura fácil, comparado com os demais livros do mesmo tema, e possui críticas positivas.
Neste livro, Karen Horney explora a estrutura básica das neuroses no seu contexto cultural. Ou seja, como os conflitos encontrados numa pessoa de determinada cultura correspondem aos estilos de vida característicos dessa mesma cultura. Fala do mesmo modo sobre a necessidade de afecção por parte destas pessoas, até aos sentimentos de culpa, e desejo de poder, prestigio e possessão.
Descreve a necessidade de um neurótico ter um “parceiro” que lhe controle a vida e lhe resolva os problemas, a necessidade de restringir, a necessidade de controlar os outros, medo do falhanço ou mesmo os maus julgamentos, e a luta por reconhecimento social ou prestigio. (Horney; 1937)
quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
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